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perdi a conta de quantas vezes eu disse ao meu coração ‘não, ele não’, mas não perdi a conta de quantas vezes ele discordou de mim… uma.
uma única vez, uma única oposição de vontades, um único sentimento. a única pessoa por quem eu pensava que não me apaixonaria, porque não faz exactamente o meu tipo gostar do rapaz popular, daquele que todas as meninas gostam, mas foi a única vez que o meu coração quis-me contrariar, agir por sua própria vontade. bastou essa única vez para que tudo desabasse. eu estava acostumada a ter total controle das situações, pensava ter o controle do meu próprio coração, mas por que ele não me obedece agora?  porque é que quando o mando esquecer-me de ti, sou ignorada por completo?
é tão difícil conviver com essa sensação de ter perdido alguma coisa, de haver algo completamente livre e que age por conta própria do lado esquerdo do peito. não gosto dessa sensação, não gosto de pensar que agora o meu coração resolveu que quer se responsabilizar pelos próprios actos. ouvi dizer que quando o coração age por si só, ele pudesse magoar, que ele não se importa com o que as pessoas pensam, ele segue somente em busca do que deseja. e não, eu não quero isso, eu não quero um coração autoritário, que age como quer, eu não quero um coração partido, quero que ele continue inteiro, como sempre esteve antes de me apareceres tu.
não é possível que ele seja indomável, deve haver alguma forma de fazê-lo perceber que o melhor é tirar-te de dentro dele, o melhor é ele voltar a estar sob o controle da minha mente.
espero que ele não demore tanto para perceber que sofrer por alguém como tu, não vale a pena, que esperar por alguém como tu é algo inútil, e esperar leva muito tempo e eu não quero esperar por ti, não quero esperar por algo que nunca acontecerá, não quero que meu coração pense que pode haver algo entre nós um dia, não quero que ele sofra esperando por ti, não quero que ele seja partido por ti, porque até minha mente sabe, se o meu coração conseguiu fugir da minha autoridade, é porque esse sentimento é diferente, é o mais forte de todos, e eu tenho medo de confessar, tenho medo de deixar o meu coração tomar posse da minha mente e assumir de uma vez por todas, que eu amo-te.

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