27.8.10

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« a Rose morreu nessa tarde. digamos que cada pessoa que partiu me deixou algo e que sinto a minha herança quando me lembro deles. a raiva faz-me lembrar a Rose mas também a maioria das mulheres que vejo na rua usam vestido de que ela teria gostado e carregam os filhos nas ancas com aquela graça que ela tinha. a Rose deixou-me um enigma que não resolvi, de como julgamos aqueles que nos magoaram, quando não mostraram remorsos ou até mesmo compreensão. o remorso lembra-me o pai que tinha nenhum, pelo menos, nenhum por mim. não contei á Caroline do pai, podia ter-lhe contado tudo, podia ter-lhe atirado com a verdade mas seria a verdade de Rose, não a minha. o pai morreu de ataque cardíaco na primavera seguinte, os nossos 40468520 m2 foram para uma empresa gigante, as casas foram derrubadas para dar lugar a mais colheitas e apesar da quinta e as suas dádivas e fardos estejam espalhados, a minha herança está comigo e com as filhas de Rose. a cada ano que passa vejo-as crescer e nelas vejo algo novo, algo que eu e a minha irmã nunca tivemos, vejo esperança. »

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