13.7.10

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''fazia-te constantemente a pergunta: ''amas-me?''. tu respondias como se fosse um reflexo espontâneo: ''sim, muito''.''muito''? a resposta deixava-me mais desidratada de confiança de que no momento da sua concepção. tu não percebias porque eu sorria, todos os meus músculos faciais pareciam ser movidos por fios, como as marionetas. quem os controlava eram aqueles teus olhos, ilustrados a matrizes verdes e com umas pinceladas leves de castanho. odiava quando adormecias mesmo debaixo da minha vontade de te roubar mais uma vez segundos ao teu olhar. e perguntava outra vez: ''muito?''. não desconfiava de ti, mas desse sentimento que te fazia falar por ele quando nem ele se conhecia. eu queria que fosses tu a responder. cada vez que perguntava, mais uma lágrima eclodia do seu casulo. eu tentei explicar-te, que ''cada segundo era tempo de mudar tudo para sempre'' como disse o dos filmes mudos. e esse muito era tão ínfimo comparado com toda a grandeza que um segundo tem. no abraço de um segundo o tal ''muito'' se tornaria nada. cada segundo era uma luta, e um segundo parecia-me um ano. nunca percebeste. uma vez perguntaste-me ''amas-me?''. eu respondi: ''irei amar-te 2 vezes menos o número de grãos de areia que cabem na tua mão''. ou menos. o implícito fez-te confusão. ''Desculpa?''. ''Muito''' - disse eu - e sorriste.''

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